Vi aquele vulto passar. Estremeci. Olhei assustada procurando alguém que pudesse me ajudar, procurei aquelas pessoas que diziam ser meus amigos, me vi perdida na escuridão, me vi sozinha... Olho para o espelho com a esperança de ver o meu reflexo, mas ao olhar, a única coisa que vejo é a escuridão. Estou com medo, ainda posso sentir o vulto, ele me persegue. O que ele quer de mim? Sinto-me constantemente observada e encaro a escuridão afim de conseguir enxergar o que me espera. Mas não consigo ver nada. Encolho-me em minhas pernas. Encolho-me para ele não me ver. Sinto medo, estou com frio e tudo está tão...Vazio. Quero sair daqui, mas é tão seguro onde me encontro, que tenho medo de seguir em frente. Onde foi parar a minha esperança? Como posso ser tão idiota. Por que não lutar ? Eu quero levantar, mas não encontro forças e sempre que tento gasto o pouco que tenho. Parece que algo está me sugando, parece que "ele" está me empurrando para baixo toda vez que tento emergir. Quero ver o sol. Não aguento esta escuridão. Sinto as lágrimas retornando em meu olhos, mas seguro-as. Não quero chorar neste momento. Não quero fazer isso na frente desta pessoa que me observa. Por que ela não me ajuda? Por que ela fica simplesmente olhando para mim? "ME DE UM POUCO DE LUZ" - grito em vão. "ME AJUDE. TIRE-ME DAQUI" -tento inutilmente me comunicar com este ser que apenas observa-me. Caio em prantos. De repente vejo uma porta. Finalmente vejo o porquê estava ali. Finalmente entendo o porquê este individuo me observara. Entendo que, na verdade, o que vejo é o eu reflexo.Meu rosto refletido na parede de negação e desespero que eu mesma construí. Construí porque me nego a continuar, a seguir, a aceitar que sou forte o bastante. E sei que o único motivo para estar ali era que eu não queria sair. Levanto-me lentamente, sentindo cada movimento, voltando ao meu corpo e desligando-me do pesadelo que eu mesma me impus. Deixo meus movimentos fluírem e meu corpo me leva para longe dali. Finalmente aceito que estou bem, que vou ficar bem. E está mais claro agora.
Autora: Camille Carraco
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